quinta-feira, 6 de maio de 2010

BOLEIROS - Futebol. Era uma vez...

Por Alan Regis Dantas


Não se podia colocar um título mais apropriado para algo que soa tão mágico quanto às histórias infantis de nosso tempo. A bola causa um fascínio no garoto brasileiro desde a percepção do chute, do abraço com ela, do cabeceio. Boleiros conta o que está na essência encantadora do esporte no Brasil através do papo entre velhos atores do espetáculo futebolístico que revelam as nuances e os toques especiais da memória do jogador.


Os causos se sucedem durante o filme: o futebol é feito de histórias. Desde as mais hilárias, que envolvem o juiz “ladrão” até a tristeza do craque mirim perdido para o tráfico nas grandes cidades do país. Além da majestade atribuída aos craques que já penduraram as chuteiras. Seria um resquício de nosso pensamento colonizado, de monarquia, que vem à tona despercebido nos célebres mestres da pelota?



A Mídia. Essa sim a grande transmissora da paixão nacional. Rádio, TV’s e agora a internet se fixam cada vez mais no seio do esporte no Brasil. Durante o filme podemos perceber a idolatria do jornalista disputando com a informação, de maneira “imparcial”. A imprensa é usada para mediar outros interesses. O âncora quer aparecer mais que o atleta? Isso é absolutamente corriqueiro.



Esses e outros aspectos são tratados com precisão pelos diretores e atores que reencarnam os personagens para trazer ao público leigo aquilo que realmente faz do futebol brasileiro tão cheio de graça, diferentemente do frio e calculista jogo inventado pelos ingleses. Nosso país reinventou a bola no pé e Boleiros é um retrato fiel e a condensação dessas percepções.