segunda-feira, 31 de agosto de 2009

TEOREMA - A queda do capitalismo e da família moderna

Por Alan Regis Dantas

O filme do clássico diretor italiano Pier Paolo Pasoline teorema, deixa muitas impressões, às vezes até confusas, para os que não estão habituados a acompanhar uma narrativa diferenciada. Após a sessão do dia 26 de agosto, muitos disseram: “Não entendi nada”. Na verdade, a temática tratada pelo italiano ainda na década de sessenta, época de gravação do filme, nos remete a uma crise do capitalismo e da estrutura familiar. Vivida em um dos hábitat’s onde a lei da igreja salta aos olhos: Roma, o jovem hóspede da casa dos burgueses capitalistas, revela o que cada personagem esconde por trás da máscara do conformismo: Uma filha louca, uma mulher insatisfeita, um filho que esconde sua felicidade, e uma empregada... “santa”. Cito Giovanni Alves em uma análise do Filme escrito para o site Tela Crítica:


“Teorema” é um drama familiar que expressa, em si, de forma alegórica, a tragédia da sociabilidade burguesa em crise terminal. É a partir da presença – parousia – do hóspede misterioso, que cada personagem nega (e afirma, ao mesmo tempo) a si próprio.


Para se fazer entender (ou não), Pasolini se vale de uma concepção fílmica que confunde o raciocínio lógico do espectador desavisado, cenas iniciais que representam uma “deslinearização” da história, ou seja, um quadro não pode ser justaposto a outro, é um mosaico de passages soltas, que vão aos poucos se encaixando como nos mais imbricados quebra-cabeças.


Só a partir de algum tempo de análise e correr de Teorema é que podemos perceber a crítica aos preceitos hipócritas da sociedade daquele contexto histórico. O “despir” do eixo capitalista, em meio a um cenário, que aparenta ser um vulcão italiano pronto para uma erupção, é alegoricamente falando a transfiguração do desespero do lucro ante a sua derrocada e a busca pelo isolamento: única saída cômoda para os patrões individualistas.







terça-feira, 18 de agosto de 2009

O GRANDE CHEFE - Ao estilo de Lars Von Trier

Por Sâmila Braga



O estilo de Lars Von Trier é bem diferente do que estamos acostumados. Cortes no meio das cenas, uma narrativa direta, quase simplista. O diálogo entre os personagens envolvem na trama lúdica de forma a povoar de indagações quem está diante da tela. Um ator mal sucedido encontra o seu momento de glória, quando contratado para estrelar como “o dono de tudo”, acaba pondo fim as esperanças de todos. Ravn, vigarista oportuno o contratara para atuar como proprietário da empresa da qual ele é dono. Ravn gosta de ser amado, feito ursinho de pelúcia, literalmente. Todavia Ravn, sob uma manta de cuidadoso advogado da empresa, é na verdade o “dono de tudo”. Sem querer mostrar sua face engana os seis diretores de sua empresa e tecnologia de informação.


O ator mal sucedido do começo do texto é o fantoche que ele deseja usar para vender a empresa, sem remorsos ou direitos para qualquer um de seus funcionários. O pobre coitado ator falido, Kristoffer, veste as glórias de ser o grande chefe e passa de idiota, de malvado, de gay, de sedutor, consecutiva ou simultaneamente. Encontra a mulher, com quem foi casado por cinco anos, na condição de advogada do islandês que deseja a compra da empresa.


No fim, o canalha vira amiguinho, mesmo quando o ator se questiona sobre do céu ao inferno em instantes. O final não é bem como s queria, a venda da empresa acontece e o ator fracassado agora arranja palcos macabros, encenando seu adorado diretor de teatro – cuja mais citada obra por ele é “A Cidade sem chaminés” – para um platéia estreita e que odeia sentimentalismo dinamarquês.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

CARNE TRÊMULA - O quente cruzamento de cinco vidas

Por Alan Regis Dantas


Lançado em 1997, Carne Trêmula tem como diretor o espanhol Almodóvar, já conhecido pela sua produção tipicamente sensual. O filme não deixa de ser aquele velho tipo Hollywoodiano mas traz questões relevantes para a vida cotidiana de muitas pessoas em todo o mundo. Passando pelas ruas de Madrid, Almodóvar transforma a vida de um entregador de Pizzas num misto amor, sexo e traição.


Várias situações retratadas pelo filme vão ao encontro da realidade concreta. A presença de um marido alcoólatra com uma mulher que já não suporta ser espancada e busca num jovem, Vítor, os momentos que já não tinha no casamento. Um policial, que no exercício de sua profissão acidentalmente perde o movimento das pernas e ganha no basquete sobre rodas, uma oportunidade para continuar tendo uma vida suportável. As dificuldades do cadeirante (Javier Bardem), são expostas em situações como entrar em seu carro adaptado e descer as escadas preste a cair.


Os momentos de sexo do filme podem ser considerados como “mágicos”. Através deles podemos observar a habilidade do diretor em valorizar a cor, a luz, o suor e as curvas dos corpos que se entrelaçam embalados pela música espanhola, causando um completo envolvimento sem ser escrachado.


Podemos determinar que a mensagem central da obra seja a de que um amor é um fogo que não se apaga com a tempestade que a vida pode trazer. A noite vivida por David e Elena serviu para selar o começo de uma nova existência e o fim de uma época que deixou marcas na história dos personagens. Nas cenas finais revemos o mesmo quadro do início, um filho nascendo dentro de um veículo, nas ruas movimentadas de Madrid, demonstrando que a vida é apenas um ciclo, o que muda são seus atores.






terça-feira, 4 de agosto de 2009

Agosto - Mês Europa


No mês de agosto, o CINEFA7 retorna às suas atividades. Depois de um semestre muito positivo para o projeto, 2009.2 promete ser mais um "sucesso de bilheteria " na Faculdade 7 de Setembro. Com a volta das aulas e as novas turmas que chegaram, a expectativa é que cada vez mais os alunos assistam às sessões e passem a visualizar de uma maneira diferente o cinema em sua percepção artística e social.

Neste mês de agosto traremos quatro filmes de diferentes países europeus, como o primeiro, Carne Trêmula, de Pedro Almodóvar, que traz o romance sensual da Espanha, passando pelo Grande Chefe, uma comédia que perpassa “apenas” por Dinamarca , Suécia , Islândia , Itália ,França , Noruega , Finlândia e Alemanha . Traremos também um filme muito subjetivo chamado O Sétimo Selo de origem sueca. E o último será um clássico de Píer Paolo Passolini :Teorema.

Não deixe de participar do CINEFA7 de agosto. Chame a sua turma para depois da aula às quartas-feiras dar uma passada e conferir um cinema diferenciado e seletivo, além do mais, a presença vale 2 horas/aulas complementares. Participe e divulgue.