O filme do clássico diretor italiano Pier Paolo Pasoline teorema, deixa muitas impressões, às vezes até confusas, para os que não estão habituados a acompanhar uma narrativa diferenciada. Após a sessão do dia 26 de agosto, muitos disseram: “Não entendi nada”. Na verdade, a temática tratada pelo italiano ainda na década de sessenta, época de gravação do filme, nos remete a uma crise do capitalismo e da estrutura familiar. Vivida em um dos hábitat’s onde a lei da igreja salta aos olhos: Roma, o jovem hóspede da casa dos burgueses capitalistas, revela o que cada personagem esconde por trás da máscara do conformismo: Uma filha louca, uma mulher insatisfeita, um filho que esconde sua felicidade, e uma empregada... “santa”. Cito Giovanni Alves em uma análise do Filme escrito para o site Tela Crítica:
“Teorema” é um drama familiar que expressa, em si, de forma alegórica, a tragédia da sociabilidade burguesa em crise terminal. É a partir da presença – parousia – do hóspede misterioso, que cada personagem nega (e afirma, ao mesmo tempo) a si próprio.
Para se fazer entender (ou não), Pasolini se vale de uma concepção fílmica que confunde o raciocínio lógico do espectador desavisado, cenas iniciais que representam uma “deslinearização” da história, ou seja, um quadro não pode ser justaposto a outro, é um mosaico de passages soltas, que vão aos poucos se encaixando como nos mais imbricados quebra-cabeças.
Só a partir de algum tempo de análise e correr de Teorema é que podemos perceber a crítica aos preceitos hipócritas da sociedade daquele contexto histórico. O “despir” do eixo capitalista, em meio a um cenário, que aparenta ser um vulcão italiano pronto para uma erupção, é alegoricamente falando a transfiguração do desespero do lucro ante a sua derrocada e a busca pelo isolamento: única saída cômoda para os patrões individualistas.
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