quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

A FRATERNIDADE É VERMELHA - Os valores são humanos e vermelhos

Por Sâmila Braga






Julgamento e valores. Esses são os temas centrais por que passeia Kieslowski na última trama da Trilogia das cores. As paixões do ser, a fraternidade vermelha, humana. Um juiz aposentado, com a experiência da vida e dos tribunais radioescuta vidas alheias, coincidências, acasos. Julga, subjulga, retira lições, aprende com o outro. Aprendera a tempos que o ser é vulnerável assim como ele. O erro dos outros pode ser julgado? Talvez indague-se. Essa quetão o consome . Julgar o erro rotineiramente, como profissão. Torturante. A trama persegue o encontro, o desencontro, o que podia ser e o que não foi. A amizade que se gera entre o juiz e a modelo, a partir do atropelamento da esperta cadela, dá margem ao aprendizado, à preponderações.

O que é certo? Quem decide? Moralmente condenável ou socialmente aceito? Verdade, culpa, valores. A subjetividade de cada um é o fator determinante.O juízo de fato ou o de valor? O que decide um caso, as questões, a vida? Uma obra reflexiva que discute vícios sociais e aponta para apreenssões humanas. O vermelho que figura em cada pedaço das cenas transborda ao som de uma trilha magistral. Irene Jacob interpreta a modelo e se acende como musa do diretor. A metafotografia que aparece em algumas cenas diverte e atrai. O comercial-arte do chiclete que faz parar carros e entrelaça histórias.

O final que reúne as cores anteriores só se faz claro para quem teve acesso ao azul e ao branco, num misto dos personagens de uma e de outra, o naufrágio congrega todas as tramas da Trilogia das Cores. Surpreendente, dá margem ao que aconteceria dali em diante. Simplesmente Kieslowski.



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