sexta-feira, 6 de agosto de 2010

O SELVAGEM DA MOTOCICLETA - que é preciso destacar: as emoções, as cores, os momentos

Por Sâmila Braga


“O daltonismo (também chamado de discromatopsia ou discromopsia) é uma perturbação da percepção visual caracterizada pela incapacidade de diferenciar todas ou algumas cores, manifestando-se muitas vezes pela dificuldade em distinguir o verde do vermelho”. Coppola transforma a patologia visual em arte. Pode. Os peixes de brigas, que dão o tíulo original do filme, se destacam na cena. Levam o “selvagem da motocicleta” ao seu fim.

Mesmo com os cortes abruptos de cena, o mix de drogas, juventude e sexo tão explorado pelo cinema é trazido de forma diferente. Cai uma geração. Outra, sem rumo, tem como heróinas a confusão e perda de identidade. Na trama, o jovem Rusty James (Matt Dillon) vai entendendo e deixando de entender. O fim das gangues, a partida e retorno do irmão e o amor pela namorada.


A briga no metrô dá ao iníciodo filme o movimento, que naõ percorre o decorrer da película. Quando James leva a facada, fantasia e realidade se mesclam. “Vida esquisita essa de vocês", retruca o pai bêbado. Os filhos, reflexo do fracasso, na vida, no casamento e no trabalho do pai. O relógio, que vagueia em muitos momentos da história, denuncia.O tempo perdido e aquele que ainda não se perdeu. A fumaça também dá certa áurea transcedental. Seria a juventude, a transitoriedade, o fugaz.

No filme é possivel entender, como em nenhum outro, porque o cigarro era sinônimo de charme. Mickey Rourke interpreta o irmão-herói de Rusty James. O ar feminino e maduro dá a tranquilidade que inquieta o caçula. “Até nas mais primitivas sociedades há um certo respeito pelos insanos”, argumenta. Era insano, capaz. Cansou-se. De tudo. Talvez o melhor fosse mesmo o que viria a acontecer. Ele esbraveja calmamente ao irmão, em birra-confusão: “eu não posso ser o que você quer mesmo que eu morra por isso”. E assim acontece.

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