A comédia romântica, traz como enredo principal o sistema burocrático presente em Cuba. Um funcionário do sistema desenvolve uma maneira engenhosa de transporte de mortos, para suas respectivas terras natais. Todavia, a coisa se revela bem mais complicada do que ele poderia imaginar. Além das complicações do percurso, os chefes políticos visualizam grandes transtornos com a idéia. Na verdade, o objetivo principal dele é o de ascender meteoricamente com sua grandiosa invenção. Sua mulher, acaba reencontrando um aluno dos tempos em que lecionava Economia em uma faculdade cubana.
Para o azar do marido, o ex-aluno, que já mantinha um afeto declarado em carta entregue a professora, balança com a mulher. Ela, reprimida pelo esposo, em gestos, vícios e vida, resolve desvencilhar-se de tais algemas. Tudo isso acontece na travessia que percorre Cuba de uma ponta a outra. Para mostrar que seu novo sistema de transporte de falecidos é eficaz, o funcionário resolve ele mesmo testar, utilizando-se para isso, da morte da tia de sua mulher. Essa tia por sua vez, uma cantora famosa internacionalmente, havia voltado para o amor que a esperara por quase meio século. No momento do reencontro, as emoções povoadas de boas lembranças abatem seu coração. E com isso inaugura o sistema de transportes do marido da sobrinha. Toda a trama é regada pela ondulante trilha que dá nome ao longa. Entre graças e beijos cubanos, o clima de romance e aventura abobalhada se entremeiam.
O filme A Rosa Púrpura do Cairo de Woody Allen é uma comédia no mínimo surreal. Mais do que isso, nos leva a crer na perspectiva de realidade que o cinema pode introjetar em nossas vidas. A cina de uma simples garçonete (Cecilia), interpretada por Mia Farrow que sofre com seu marido, se transforma em um verdadeiro sonho a partir do momento em que o personagem do filme, Tom Baxter, que já assistira cinco vezes, salta de uma imagem descolorida para a realidade.
Woody faz também, uma referência e uma sátira a situação americana na época da depressão, desemprego, falta de alimentos e de dinheiro viram passagens cômicas na voz e nas atitudes de Tom. Jeff Daniels, o artista que faz dois personagens idênticos deve ter tido uma missão bastante incômoda em conciliar duas figuras que são ao mesmo tempo ficção e realidade.
Outro aspecto retratado no filme, é a vaidade nos grandes artistas de Hollywood, visto que o personagem “real”, que interpreta Baxter (Gil Sheperd), acaba seduzindo Cecília, através de sua importância cinematográfica para salvar a própria pele, ou seja, sua carreira. Na verdade, vemos no filme uma verdadeira metalinguagem do cinema, onde este é o sujeito de si mesmo, levando ao desencadeamento da ações.
O certo é que Allen não faz mais do que reproduzir um desejo de todos aqueles que gostam do Cinema. Quem já não desejou ou se imaginou estar dentro da tela? Vemos a cena em que encantada, Cecília passeia pela cidade com seu herói inventado, pouco antes de tudo aquilo ter um fim, realmente, essa é a proposta da Sétima Arte.
Premiações para A Rosa Púrpura do Cairo e seu diretor:
- Recebeu uma indicação ao Oscar, na categoria de Melhor Roteiro Original.
- Ganhou o Globo de Ouro de Melhor
Roteiro, além de ter sido indicado em outras três categorias: Melhor Filme - Comédia/Musical, Melhor Atriz - Comédia/Musical (Mia Farrow) e Melhor Ator - Comédia/Musical (Jeff Daniels).
- Ganhou o Prêmio FIPRESCI, no Festival de Cannes.
- Ganhou o Cesar de Melhor Filme Estrangeiro.
Uma dose de Woody Allen:
Para quem não sabe, o verdadeiro nome do diretor de A Rosa Púrpura do Cairoé Allan Stewart Konigsberg. Nasceu no dia 1º de dezembro de 1935, no Brooklyn em Nova York, EUA e já dirigiu até hoje 41 filmes, o último deles se chama Vicky Cristina Barcelona, que foi lançado no ano passado, além de dezenas de indicações a Oscars e prêmios.
Uma curiosidade é que Allen já foi casado com Mia Farrow, a Cecília que protagoniza o filme que exibimos, porém separou-se dela em 1997 para ficar com sua filha adotiva, Soon Yi, com quem está até hoje mas ele sempre teve problemas de relacionamento.
As pessoas, cujas funções compõem os ramos mais necessários da Califórnia, somem! Pura mágica ou uma crítica ferrenha ao modo como os estadosunidenses tratam os latinos? A sétima arte desta vez traz o tema da imigração para a telona.
Hispânicos, sua cultura e todo o mais sempre mediocrizados pelo povo dos EUA, sofrem um sumiço repentino. O abalo é maior do que se poderia pensar – pelos lindos, brancos e ricos “americanos”, é claro. Os serviços mais básicos, desde fritar o gorduroso café da manhã de um senador à realizar as colheitas, que movimentam boa parte da economia, deixam de ser feitos. A falta da latinidade e de toda sua força de trabalho é sentida. Só mesmo assim, pelo visto. Daí a trama segue, apontando os conflitos que surgem com o desaparecimento.
Com humor e gloriosa ironia os diretores do filme Um dia sem mexicanos englobam o preconceito, sem monotonia. Numa situação hipotética como essa, em estado de caos, a superioridade e o senso de nação invadida por um povo estranho, caem por terra. Os “americanos” consideram o “povo hispânico” como um só, permeado de estereótipos.
Contextualizando... Se trouxermos essa realidade para uma discussão mais nacionalizada, podemos comparar o caso a uma situação efetivamente mais próxima. São Paulo, capital do Brasil!!! Deus no céu e o nordestino no inferno. “Povinho da roça, cabeça-chata...”, e blá, blá, blá. O umbigo nacional se volta ao povo do “r” toRto. Segundo eles próprios. Salvo, aqueles que não se assemelham as maiorias e divergem dessa opinião. A maior parte, talvez incentivada pelo constante inchamento do ego paulistano-carioca, realizado pela mídia. A questão é que se acontecesse o mesmo em São Paulo, que aconteceu no filme, na Califórnia, a conjuntura não seria muito diferente. Eles ignoram que as massas são compostas pelo povo que inferiorizam. E são eles que dão a “sustança” necessária a subsistência da exploração e do sistema. Sem o nordestinos, assim como, sem os “mexicanos” – talvez chamados assim porque para os “americanos” a única nacionalidade que importe seja a deles – a desordem reinaria no “centro-sul” do país.
Ambos são a mão do processo de construção das cidade. E mais que isso são a mão que foi enfiada na massa. Literalmente.
A partir de agora, o projeto voltado para todos aqueles que curtem bons filmes e ainda por cima querem algumas horas complementares para o currículo na Faculdade 7 de Setembro, tem um espaço na Rede Mundial de Computadores.
O Cine FA7, como o lugar reservado para a exibição de filmes cresceu neste semestre (2009.2) e já começa a atingir os outros cursos da FA7. Ficção, documentário, comédia, temas sociais e varias outras temáticas são abordadas nas sessões, que acontecem todas às quartas no horário EF a partir da 11h10, na sala 53b do instituto FA7.
O Blog do Cine FA7 será constituído de resenhas, comentários, sinopses, indicações, novidades do cinema não-comercial e você poderá interagir dando notas para os filmes exibidos e pode receber nosso informativo com várias matérias sobre cinema, cultura e entretenimento. Dicas de eventos e de outros espaços destinados à produção e exibição da sétima arte em Fortaleza, no Ceará e no Brasil.
Vale destacar que o projeto já conta com o e-grupo para troca de e-mails, de uma comunidade no Orkut e agora com o seu Blog, que nasce pra ampliar suas vias de divulgação e aumentar seu grau de interação com os freqüentadores.
Passando por clássicos do Cinema, desde Orsson Welles, até figurões do documentário brasileiro, como Eduardo Coutinho, o Cine FA7 coordenado pelo professor Dr. Paulo Germano, traz um tema diferente a cada mês de exibição e promove filmes que objetivem o engrandecimento cultural e intelectual de sua audiência, procurando também provocar uma forma de reflexão sobre os filmes e sobre asociedade como um todo.
Então seja bem-vindo ao Blog do Cine FA7. Aproveite, divulgue e o mais importante, compareça às sessões, afinal o cinema é uma arte e nos faz ver a sociedade e o mundo no qual estamos inseridos.
Entre em nosso e-grupo e mande um e-mail para cinefa7@grupos.com.br. Peça já sua inclusão!