quarta-feira, 20 de maio de 2009

A ROSA PÚRPURA DO CAIRO - A metalinguagem de Woody Allen

Por Alan Regis Dantas



O filme A Rosa Púrpura do Cairo de Woody Allen é uma comédia no mínimo surreal. Mais do que isso, nos leva a crer na perspectiva de realidade que o cinema pode introjetar em nossas vidas. A cina de uma simples garçonete (Cecilia), interpretada por Mia Farrow que sofre com seu marido, se transforma em um verdadeiro sonho a partir do momento em que o personagem do filme, Tom Baxter, que já assistira cinco vezes, salta de uma imagem descolorida para a realidade.


Woody faz também, uma referência e uma sátira a situação americana na época da depressão, desemprego, falta de alimentos e de dinheiro viram passagens cômicas na voz e nas atitudes de Tom. Jeff Daniels, o artista que faz dois personagens idênticos deve ter tido uma missão bastante incômoda em conciliar duas figuras que são ao mesmo tempo ficção e realidade.


Outro aspecto retratado no filme, é a vaidade nos grandes artistas de Hollywood, visto que o personagem “real”, que interpreta Baxter (Gil Sheperd), acaba seduzindo Cecília, através de sua importância cinematográfica para salvar a própria pele, ou seja, sua carreira. Na verdade, vemos no filme uma verdadeira metalinguagem do cinema, onde este é o sujeito de si mesmo, levando ao desencadeamento da ações.


O certo é que Allen não faz mais do que reproduzir um desejo de todos aqueles que gostam do Cinema. Quem já não desejou ou se imaginou estar dentro da tela? Vemos a cena em que encantada, Cecília passeia pela cidade com seu herói inventado, pouco antes de tudo aquilo ter um fim, realmente, essa é a proposta da Sétima Arte.


Premiações para A Rosa Púrpura do Cairo e seu diretor:


- Recebeu uma indicação ao Oscar, na categoria de Melhor Roteiro Original.

- Ganhou o Globo de Ouro de Melhor

Roteiro, além de ter sido indicado em outras três categorias: Melhor Filme - Comédia/Musical, Melhor Atriz - Comédia/Musical (Mia Farrow) e Melhor Ator - Comédia/Musical (Jeff Daniels).

- Ganhou o Prêmio FIPRESCI, no Festival de Cannes.

- Ganhou o Cesar de Melhor Filme Estrangeiro.


Uma dose de Woody Allen:



Para quem não sabe, o verdadeiro nome do diretor de A Rosa Púrpura do Cairo é Allan Stewart Konigsberg. Nasceu no dia 1º de dezembro de 1935, no Brooklyn em Nova York, EUA e já dirigiu até hoje 41 filmes, o último deles se chama Vicky Cristina Barcelona, que foi lançado no ano passado, além de dezenas de indicações a Oscars e prêmios.


Uma curiosidade é que Allen já foi casado com Mia Farrow, a Cecília que protagoniza o filme que exibimos, porém separou-se dela em 1997 para ficar com sua filha adotiva, Soon Yi, com quem está até hoje mas ele sempre teve problemas de relacionamento.

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