sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

CINEFA7 AO PÔR DO SOL


A partir do mês de março de 2010 o CINEFA7 em parceria com a Centro Acadêmico Agerson Tabosa - CAAT realizará uma segunda sessão nas quartas feiras. Atendendo à diversos pedidos de estudantes que gostariam de frequentar o cineclube em outro horário, além das sessões às 11h20 os filmes serão exibidos também às 17h.

A programação de filmes não muda e o horário é ideal, pois não atrapalha aqueles que estudam no turno da noite da faculdade. Então está feito o convite. Venha curtir um bom filme no fim de tarde e ganhe em troca muita arte , horas complementares e concorra a filmes no Cadeira Cativa CINEFA7!

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

A FRATERNIDADE É VERMELHA - Os valores são humanos e vermelhos

Por Sâmila Braga






Julgamento e valores. Esses são os temas centrais por que passeia Kieslowski na última trama da Trilogia das cores. As paixões do ser, a fraternidade vermelha, humana. Um juiz aposentado, com a experiência da vida e dos tribunais radioescuta vidas alheias, coincidências, acasos. Julga, subjulga, retira lições, aprende com o outro. Aprendera a tempos que o ser é vulnerável assim como ele. O erro dos outros pode ser julgado? Talvez indague-se. Essa quetão o consome . Julgar o erro rotineiramente, como profissão. Torturante. A trama persegue o encontro, o desencontro, o que podia ser e o que não foi. A amizade que se gera entre o juiz e a modelo, a partir do atropelamento da esperta cadela, dá margem ao aprendizado, à preponderações.

O que é certo? Quem decide? Moralmente condenável ou socialmente aceito? Verdade, culpa, valores. A subjetividade de cada um é o fator determinante.O juízo de fato ou o de valor? O que decide um caso, as questões, a vida? Uma obra reflexiva que discute vícios sociais e aponta para apreenssões humanas. O vermelho que figura em cada pedaço das cenas transborda ao som de uma trilha magistral. Irene Jacob interpreta a modelo e se acende como musa do diretor. A metafotografia que aparece em algumas cenas diverte e atrai. O comercial-arte do chiclete que faz parar carros e entrelaça histórias.

O final que reúne as cores anteriores só se faz claro para quem teve acesso ao azul e ao branco, num misto dos personagens de uma e de outra, o naufrágio congrega todas as tramas da Trilogia das Cores. Surpreendente, dá margem ao que aconteceria dali em diante. Simplesmente Kieslowski.



quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

A IGUALDADE É BRANCA - Hoje tudo se compra

Por Alan Regis Dantas




A comédia de Krzysztof Kieslowski em A igualdade é Branca se baseia nos vícios da espécie humana e na dor de um homem que não satisfez a esposa. Completamente destruído, ele ainda acha que tem esperanças com Dominique, mas o pior ainda estava por vir. O telefone gemia, gritava ao passo que Karol era destruído por uma casamento que não deu certo.

A montagem da trama passa por momentos onde não se sabe exatamente o que o homem está pensando: reconstruir a vida, esquecendo aquilo que passou e se libertar como fez Binoche (aliás ela pode ser vista no fundo da sala do julgamento do divórcio)? Mas nada disso. A Igualdade é Branca, sem vida ou emoções. Diante dela nenhum ser humano está tranqüilo.

Karol passa por experiências frias mata, morre, é espancado. Mas seu gênio e determinação permanecem ativos, cegos pela sede da vingança. Mais uma vez a morte é instrumento. Para “matar” Dominique ele primeiro acaba com a própria vida. Depois de ficar rico e se refazer, o seu plano final é surpreendente. Entrega toda a fortuna para mostrar seu desapego, planeja sua morte detalhadamente e monta a armadilha.

Ao voltar do enterro a vingança se consuma. Karol triunfa sobre o corpo da Dominique. Os dois envoltos em lençóis vermelhos se separam. Ainda não era o suficiente. A prisão de Dominique encerra a película de 1994. A frase que pode resumir a história também diz muito sobre o que somos todos nós: hoje tudo se compra!

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

A LIBERDE É AZUL - A dor palpável e azul

Por Sâmila Braga


Tudo parece se acalmar. É como se nada tivesse acontecido. O azul entorpecente da piscina. A água da noite, congelante. Vir a tona, a realidade, o choque, a perda. Novos mergulhos de lágrimas que se misturam ao cloro. O azul. Julie vai passando, sem fazer nada. Conhece pessoas, gente, diferente. Assusta-se com a cria da rata. Quer eliminá-la. Não quer crianças por perto. Lembranças da maternidade que um dia já exercera. A filha e o marido se foram no acidente de carro. Ela sobreviveu. Será? Vai passando. A tentativa de suicídio frustrada foi o sinal da fraqueza. A liberdade de fazer. Não consegue, se diz fraca demais para isso. Além da piscina, passa a mergulhar na música com o homem que a ama a muito tempo. Foi seu remédio quando já não mais agüentava. Ele guardou as recordações, e comprou o colchão velho, último pedaço da casa, do passado de Julie. Queria chamar sua atenção, usou até a TV para isso, ocasionalmente conseguiu. Desejava trazê-la de volta a vida, ressuscitá-la, afinal, tinha 33 anos. Estava desprendida, livre. Já que “bens, recordações, amigos, vínculos, são tudo uma armadilha”.

Julie aprende que é preciso estar presa a algo. O mendigo/flautista lhe disse. Sua história se tece na dor palpável. Azul. Orquestrados pelo som da trilha sonora de Zbigniew Preisner, os fatos se impõem, imperativos como a música. A materialização acústica. As descobertas e retomadas. Kieslowski brinca e atrai com o que para alguns diretores são apenas recursos técnicos. As expressões dispensam as falas. Olhares, cenários e luz desdobram pensamentos, reflexões.