quinta-feira, 11 de março de 2010

OS INCOMPREENDIDOS - "O Incompreendido"

Por Alan Regis Dantas



Os Incompreendidos marca a estréia de François Truffaut no cinema de longa-metragem. Uma obra que se estabelece também pelo traço emocional que está veiculado a cada cena. A infância de Antoine Doinel, garoto de país irresponsáveis da Paris do final dos anos 50, rende algumas reflexões importantes a respeito de valores que são transferidos através das gerações.

Quem nunca, na infância, se deparou com o questionamento das ações adultas? Os país estão realmente certos o tempo todo e tudo podem com os filhos? O que se passa na cabeça de um garoto que observa a traição da mãe? O preto e branco ajudam a visualizar as reações de um pequeno que não queria nada mais do que conhecer o mar e fugir, desaparecer de um mundo alimentado por dor e ressentimentos. Distante de tudo isso a fuga frustrada ainda lhe rende humilhações e a antiga gráfica do tio serve de abrigo e refúgio.



Doinel perde a infância. Roubos, rebeldia. Certas cenas mostram imagens do divertimento infantil e inocente em contraste com um menino fumante, um homem. A cadeia pelo roubo de uma máquina de escrever parece simbolizar a perda da própria liberdade de expressão. A única saída é a educação militar. Mas é justamente esse o momento em que ele rompe as correntes e corre para o fim.


A praia. Cenário aberto, límpido. Diferente dos ambientes internos e apertados mostrados durante o filme de 1959, o mar é o palco da liberdade. O final surpreende àqueles que queriam algo mais. Mas arte é “causar sensação”. Deixar o sabor do incompleto parece ser o fascínio da obra de Truffaut. E é isso que faz de Os Incompreendidos um clássico da nouvelle vague.

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